Mais uma vez vamos digerir (refletir) as novas idéias propostas pelo professor André Porto.
A aula de ontem, sexta-feira 29/04/11, foi bem agitada, muita coisa foi trabalhada, novamente os conceitos de autenticidade e veracidade estavam em questão, vimos como um arquivísta deve tratar esses dois conceitos, qual deles é o objeto de estudo da arquivologia e foram muitos os exemplos do professor para nos explicar.
Além disso, vimos que objetos podem ser utilizados como prova para identificação de uma pessoa ou instituição/organização, como foi o caso do lenço de escoteiro relatado pelo professor.
Vamos tentar, nesse post, trabalhar o máximo de conceitos e exemplos que conseguirmos lembrar, e olha que foi muita coisa.
Primeiro: Lemos nessas últimas semanas os textos de Luciana Durant e Ruipérez, todos dois tratam dos conceitos de autenticidade e veracidade, e das análises diplomática e tipologia de documentos.
Quanto aos conceitos de autenticidade de Luciana Durant, vimos com o professor André que:
- Para um documento ser autêntico é preciso que ele contenha três características: as internas, as externas e o trâmite. As características internas dizem respeito a disposição das informações no documento, as externas são os aspectos físicos dos documentos (como o suporte ou o tipo de material que foi utilizado para escrevê-lo, considerando as normas da época) e o trâmite significa todas as etapas exigidas para um documento, desde sua produção até o comprimento da sua atividade.
- Diante disso, conforme os três conceitos de Durant para autenticidade, a diplomática está ligada as características internas e externas do documento, a legal está ligada ao trâmite e a histórica está ligada a qualidade dessa informação se o documento reflete o que realmente aconteceu.
As três definições de autênticidade de Luciana Durant:
Autenticidade diplomática: documentos escritos de acordo com as práticas do tempo e lugar indicados no texto e assinados pelas pessoas competentes para criá-lo.
Autenticidade legal: documentos que suportam uma prova sobre si mesmos, por causa da intervanção durante ou depois de sua criação, de uma autoridade pública que garanta sua genuinidade.
Autenticidade histórica: documentos que atestam que sucedeu o que verdadeiramente teve lugar, informam o que é verdade.
Quanto a veracidade vimos que:
- Veracidade não é objeto de estudo de um arquivísta, mas sabemos que para um documento ser verídico é preciso que ele seja o que diz ser, está ligada a qualidade dessa informação.
"Enquanto a autenticidade está voltada para o processo de criação do documento, a veracidade está ligada diretamente a qualidade das informações que compões este certificado". LOPEZ, André Porto Ancona. Tipologia documental de partidos e associações políticas brasileiras. São Paulo: História Social USP/ Loyola, 1999. (Teses).
Para exemplificar, o professsor citou em sala casos de grilagem de terra:
- Para falsificar um documento bastava forjar sua "velhice" e depois apresentá-lo em um cartório dizendo que as informações constantes nesse documento eram verídicas. A grilagem significa falsificar um documento e colocá-lo em contato com o detritos de um grilo para que fique com um aspecto antigo. Assim, o cartório registrava legalmente a terra em nome desse sujeito, essa escritura lavrada pelo cartório dá a posse a esse sujeito, ou seja, como a assinatura de um Tabelião possui fé pública, a documentação assinada valerá como a verdadeira, apesar te ter sido feita a partir de uma falsificada.
- Nesse caso, vimos que o conceito de Durant para um documento genuinamente arquivístico, significa que ele reuni a autenticidade e a veracidade ao mesmo tempo.
Mais um exemplo dado pelo professor André Porto sobre esses dois conceitos foi o convite de uma festa:
- Maria é convidada para uma festa e recebe um convite com seu nome e dados. Temos um convite autêntico (respeitou o trâmite da fabricação e entrega) e verídico (é um convite destinado para Lalá e suas informações são verdadeiras), sendo assim, um documento GENUÍNAMENTE ARQUIVÍSTICO.
- Porém seu namorado, João, não teve a mesma sorte. Ela então para não se sentir sozinha decide falsificar um convite para seu namorado e consegue deixá-lo do mesmo jeito que o original. Temos um convite não autêntico (não respeitou o trâmite de fabricação e entrega) e não verídico (já que João não foi convidado).
- Maria perde seu convite e aproveita as técnicas utilizadas para falsificar o convite de seu namorado João. Temos um convite não autêntico (que não seguiu os trâmites) porém verídico (Maria foi convidada para a festa).
Segundo: Vimos o papel de objetos como prova de identificação de uma pessoa e de uma organização, que foi o caso de um garoto, escoteiro, relatado pelo professor.
O garoto estava no aeroporto com destino a Inglaterra porém não estava com seus documentos, um homem o viu e identificou que ele era escoteiro, na tentativa de ajudá-lo a embarcar o seu lenço (de escoteiros) serviu para comprovar que o garoto fazia parte da equipe de escoteiros e assim seu embarque foi autorizado. Nesse caso, o objeto (lenço de escoteiro) serviu para provar que o garoto realemente fazia parte dessa organização.
Digerimos que:
O garoto estava no aeroporto com destino a Inglaterra porém não estava com seus documentos, um homem o viu e identificou que ele era escoteiro, na tentativa de ajudá-lo a embarcar o seu lenço (de escoteiros) serviu para comprovar que o garoto fazia parte da equipe de escoteiros e assim seu embarque foi autorizado. Nesse caso, o objeto (lenço de escoteiro) serviu para provar que o garoto realemente fazia parte dessa organização.
Digerimos que:
Antes dessa aula nós já tínhamos em mente os conceitos de autenticidade e de veracidade que adquirimos com a leitura dos textos, porém a aula de ontem nos esclareceu algumas dúvidas. Acreditávamos que veracidade era algo que deveríamos (nós arquivistas) descobrir ou definir para cada documento, mas na verdade é algo tão relativo, depende de fatores que muitas vezes não estão ao nosso alcance.
Já a autenticidade, é o nosso trabalho, não é atoa que a bibliografia sobre esse tema é maior. Mas, antes dessa aula, ainda não sabíamos separar as três características essenciais para um documento ser autêntico, agora seremos mais sistemáticos nessa análise. Dali Durant!
E claro, a função de um objeto pode ser tanta coisa que a nossos olhos, ignorantes muitas vezes, passa desapercebido. Até então, não entendíamos a necessidade de descobrimos essa função.
É isso ai, estamos caminhando!
Por: Raquel Moreira e Vanessa Caliman.
Por: Raquel Moreira e Vanessa Caliman.
Fonte:
Aula do professor André Porto.
LOPEZ, André Porto Ancona. Tipologia documental de partidos e associações políticas brasileiras. São Paulo: História Social USP/ Loyola, 1999. (Teses).
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